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Crises no governo

30/3/2004 Emerson José do Couto – escritório Fernando Corrêa da Silva Advogados Associados

“O Brasil é o país das eternas reformas. Primeiro, precisamos mudar a Constituição, que inclusive foi alvo de travessura. A Constituição (obviamente) não funcionou. Então precisamos reformá-la (começam as emendas). Nada mudou. Ah, é por culpa da Previdência Social. Dá-lhe reforma. Não, a culpa é da carga tributária. Então vamos reformar! Mas o Judiciário não funciona. Precisamos reformar urgente! Mas a solução depende também de reformar o sistema eleitoral. Reforma nele! E assim os mandatários do povo se sucedem no poder e nada de novo acontece. Enquanto os Três Poderes discutem o que e como reformar, e a forma de se conseguir apoio ou compensar este apoio, o trabalhador chega em casa e mal tem o que comer; o nordestino reza para não faltar chuva e assim colher o milho e o feijão de corda para se alimentar; as favelas se multiplicam; inocentes morrem pela mão da polícia; bancos anunciam lucros vibrantes… e o Governo? O Governo, quer reforma! O Presidente viaja, o Congresso quer CPI, O Judiciário não quer controle. E o povo? E o desempregado? E o favelado? E os velhinhos doentes? Meu Deus, está tudo errado. Legislativo e Judiciário deveriam utilizar o tempo para pensar soluções para combater o tráfico de entorpecentes, para fixar o homem do campo onde ele pode ser produtivo, para produzir alimento barato e com abundância, para combater a especulação. O Judiciário, por sua vez, deveria pensar soluções para agilizar a prestação jurisdicional. O Brasil não precisa de tantas reformas, o Brasil precisa de planejamento e ação. Mas como os detentores do Poder são incompetentes para isso, jogam a culpa na “herança maldita”, na necessidade de reformas. Uma ou outra questão poderão depender de mudança na legislação, mas para desapropriar terras à margem do Rio Tietê (onde não mais é poluído) e alí desenvolver um projeto sério de fixação do homem no campo, dando lhe condições de produzir alimentos, não depende de reforma, mas de boa vontade, tal qual deixando de investir 1 bilhão de reais na compra de aviões de guerra e destiná-lo à reforma agrária. E se os Mandatários não souberem fazer isso, então que peçam demissão.”

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