Conselho Federal de Jornalismo
13/8/2004 Antonio Minhoto
“Sobre o Conselho Federal dos Jornalistas ou de Jornalismo, penso que, pelo modo como a discussão vem sendo abordada por alguns, o tema tem tudo para ser deturpado ou, no mínimo, mal entendido. Inicialmente, a criação do tal Conselho, em si mesma, não pode ser vista como um instrumento cerceador da liberdade, elemento tão caro à atuação do jornalista. Assim, outras tantas profissões que possuem conselhos com objetivos similares a este, também cerceariam a liberdade de seus membros, o que é francamente desmentido pela realidade observada. A seguir, me chama a atenção que esteja se utilizando do eventual cerceamento de liberdade para, em verdade e em minha humilde opinião, buscarem os jornalistas críticos do conselho uma posição que pode ser traduzida mais ou menos no seguinte: não queremos regulação alguma, não queremos normatização alguma, não queremos viés jurídico algum em nossa profissão. É até compreensível, mas é igualmente inaceitável e até mesmo incoerente. Essa situação me faz lembrar o caso do sujeito que diz: “Contrato contigo sem problema algum, mas não faço nada por escrito”. Ora, por quê isso? Se já há a confiança para contratar, estar tal vínculo por escrito em nada afeta essa confiança e, ademais, formaliza a questão de um modo muito mais prático e eficiente. Por analogia, temer o Conselho Federal de Jornalistas por ser este um instrumento de regulamentação da profissão, não faz sentido. Em suma, debata-se a idéia e não se diga que a idéia não pode ser debatida. Fica-me a dúvida, aliás, sobre quem estaria, na realidade, cerceando quem ou o que nesta novela toda. Estariam os jornalistas temerosos de serem punidos por seus pares pela prática eventual de um abuso, deslize ético ou mesmo dano moral? Se o temor é esse, considero-o igualmente sem fundamento, pois a realidade acima é a que vivem advogados, dentistas, médicos, contadores e arquitetos, só para citar alguns. É o caso de lembrar o dito: quem não deve não teme.”