Carta aberta   Migalhas
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Carta aberta

4/4/2005 Carlos Eugenio Borba Administrador de Empresas – Micro Empresário Salvador/BA

“Segue texto produzido por mim como carta aberta ao Presidente Lula:

Carta aberta à S.Exª Presidente da República Federativa do Brasil – Sr. Luiz Inácio Lula da Silva Prezado Presidente: Fui seu eleitor mas venho me sentindo traído por ter dado meu voto na chapa encabeçada por V.Exª, em virtude de várias ações patrocinadas pelo seu governo. Veja, Sr. Presidente, que eu acreditava que toda a sua luta política nos levaria, o Brasil evidentemente, a dar um grande passo no que diz respeito a sedimentar a nossa jovem democracia; digo jovem por que, se levarmos em consideração todos os governos que nosso País teve desde a chegada de D. João VI, uma pequena parte de todo este tempo foi de governos legitimados pelo povo, tempo este que passamos por vários governos ditatoriais em que a única coisa que não se levava em consideração era o interesse dos governados. V.Exª que lutou bravamente pelos direitos e pelos interesses da nação, porque não dizer da coletividade brasileira, hoje nos propicia atitudes que mais se coadunam com governos e governantes não democráticos. Nenhum de nós, Sr. Presidente, tem o direito de achar que tem a solução dos problemas da nação se não discutir exaustivamente, em todos os níveis, principalmente com a sociedade, as possíveis soluções e, mais importante, sem abrir mão dos interesses desta mesma coletividade; veja Sr. Presidente, estou tentando lhe mostrar como estou indignado com os rumos que o vosso governo está tomando porque me sinto na obrigação de, como avalista do mandato que ora V. Exª está exercendo, haja vista que sou um dos milhões de brasileiros que sufragou vosso nome na eleição majoritária para a presidência da república, mostrar quão distante estamos da realidade democrática pela qual lutamos, cada um ao seu modo e no seu tempo. Vosso governo é o que mais editou medidas provisórias mesmo tendo sido tanto V.Exª. como o Partido dos Trabalhadores severos críticos destas ações no governo anterior de FHC. Apesar do instituto de medida provisória estar contido em nossa realidade constitucional, e sob esta ótica, gostaria de saber qual a diferença entre medida provisória e os tão mal fadados decretos leis oriundos dos AI’s? Será que realmente existe diferença? Aonde está a discussão democrática dos problemas nacionais? Para que temos e elegemos o nosso Congresso? Não é das proposições e das discussões, em alto nível, do nosso Legislativo que deveriam surgir as soluções dos nossos graves problemas? Não consigo entender como podemos estar tão distantes do ideal democrático! Esta é a hora de passarmos a limpo nosso PAÍS Sr. Presidente, assim mesmo com letras maiúsculas do tamanho da grandeza dos nossos ideais, pois só com o exercício das liberdades, em todos os sentidos, é que poderemos exercitar e preparar nossas futuras gerações para termos o orgulho de poder dizer que vivemos uma democracia plena (apesar da utopia). Quando vemos que o congresso, mesmo sabedores que somos das articulações que são feitas, toma atitudes como as que estão sendo tomadas neste momento, nos perguntamos porquê? Porquê não se discute e não se vota a reforma política de forma a acabar com este vai-e-vem canhestro de deputados mudando de partido como se estivessem em sua casa mudando de roupa e, pior ainda, recebendo vantagens financeiras ou políticas para tal atitude? Talvez seja este o primeiro passo para não elegermos mais políticos do naipe do atual Presidente da Câmara. Não vejo explicação para tal fato Sr. Presidente; não sou oportunista nem arauto das desgraças alheias mas vejo que nosso tempo está muito curto para que não sejam tomadas as atitudes e decisões para as quais lhe outorgamos o mandato. Discuta mais com a sociedade, aceite as pressões, que tenho certeza são muitas e intensas, mostre quem são os políticos que não estão interessados em melhorar nossas instituições não aceitando nem fazendo fisiologismos mas expondo sim, através da mídia e das suas palavras e porque não dizer das suas atitudes, até “possíveis” correligionários, de forma que a sociedade possa voltar a crer que não o elegemos em vão. Ë por isto que resolvi escrever, de forma a demonstrar minha indignação enquanto brasileiro e eleitor, acreditando que possa estar dando minha contribuição para que seja possível seu retorno aos ideais que nos levaram a lhe outorgar tão alto cargo em que pese todas as dificuldades inerentes ao mesmo. De um eleitor que ainda acredita ser possível ter um grande BRASIL.”

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