Crise
17/8/2005 Wilson Silveira – CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL
“Sr. editor, como Migalhas tem por hábito abrir, diariamente, com um pensamento, não raro de Rui Barbosa, trago mais um da mesma origem, muito próprio para os dias que passamos:
‘Certamente há graus na desonestidade, como em tudo. Menor é a mancha no governo, que ceva amigos seus à custa do Tesoiro, que no que à custa do Tesoiro a si próprio se ceva. Mas um e outro carecem de honra, posto que em gradação ligeiramente diversa; e ambos lesam igualmente a nação. Depois; se o prejuízo público é igual nos dois casos, em ambos é também igual a quebra do depósito, o abuso de confiança, para com o país, que lhes entregou a gerência dos seus interesses. Além de que, na linguagem imemorial da moral pública, tão bom é o ladrão, como o consentidor. Aquele que tem múnus de guardar patrimônio alheio, e o deixa violar, seja em logro seu, ou dos seus, incorre nas cominações desse axioma do bom-senso universal.’.”
Rio de Janeiro, DF
Obras Completas de Rui Barbosa.
V. 16, t. 2, 1889. p. 512