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O uso de tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial, pode acarretar diversos riscos para corporações, usuários e outras partes envolvidas. Esses riscos incluem a perpetuação de estereótipos e preconceitos, impedimento de acesso a crédito e serviços devido a decisões automatizadas que não consideram a individualidade dos consumidores, invasão de privacidade e uso indevido de dados pessoais. Embora nem todos esses riscos sejam ilegais, levantam preocupações éticas que podem afetar a reputação e a confiança nas organizações.
Mas o que é ética, afinal? A palavra “ética” origina-se do grego ethos, que significa “caráter” ou “modo de ser”. Ética é o ramo da filosofia que estuda os valores morais e princípios que orientam o comportamento humano na sociedade, refletindo sobre o que é certo ou errado e como isso deve influenciar nossas ações.
Por essa razão, é fundamental que as empresas adotem medidas para mitigar riscos e estabelecer diretrizes éticas no uso da IA1. Isso se aplica tanto às organizações que desenvolvem suas próprias soluções quanto àquelas que adotam ferramentas já existentes. Aqui estão algumas abordagens que as empresas podem adotar:
Integração da ética no ciclo de vida da IA
Incorporar considerações éticas em todas as etapas do ciclo de vida da IA é crucial. Para empresas que desenvolvem IA, isso significa realizar avaliações de impacto ético desde a concepção até a implementação, garantindo que os algoritmos não perpetuem vieses ou discriminação. Para aquelas que adotam ferramentas já existentes, é importante avaliar a ética dos fornecedores, analisar o impacto no contexto específico da empresa e ajustar as configurações para alinhar-se aos valores éticos organizacionais.
Criação de um comitê de ética em IA
Estabelecer um comitê multidisciplinar dedicado à ética em IA ajuda a monitorar e orientar o uso da tecnologia na organização. Este grupo avalia regularmente os sistemas de IA-sejam desenvolvidos internamente ou adquiridos-para assegurar o alinhamento com os padrões éticos da empresa.
Transparência e explicabilidade dos sistemas
Garantir que os sistemas de IA sejam transparentes e explicáveis constrói confiança com clientes e stakeholders. Isso envolve fornecer informações claras sobre como as decisões são tomadas e utilizar ferramentas que tornem os algoritmos mais compreensíveis.
Monitoramento contínuo e auditorias independentes
Implementar mecanismos de monitoramento permite identificar e corrigir problemas éticos rapidamente. Auditorias independentes oferecem avaliações imparciais, assegurando conformidade com padrões éticos e regulatórios.
Promover a diversidade nas equipes
A diversidade nas equipes de desenvolvimento e implementação de IA é fundamental para evitar vieses. Profissionais com diferentes perspectivas podem identificar problemas que uma equipe homogênea poderia não perceber, contribuindo para soluções mais justas.
Educação e treinamento
Investir em programas de treinamento sobre ética em IA capacita os colaboradores a reconhecer e abordar desafios éticos, promovendo uma cultura organizacional responsável.
Estabelecimento de políticas e normativos claros
Desenvolver políticas internas que definam o uso ético da IA fornece diretrizes para todos os colaboradores, alinhando-se com a legislação e incluindo procedimentos que auxiliem a materializar as diretrizes das políticas e normas legais, reconhecendo a realidade específica da organização. Esses procedimentos ajudam a garantir que as práticas de IA sejam efetivamente implementadas e cumpram os padrões éticos e legais estabelecidos.
Engajamento com stakeholders
Envolver clientes, fornecedores e a sociedade civil nas discussões sobre o uso da IA oferece insights valiosos e permite ajustes proativos nas práticas da empresa.
Garantir um uso ético da IA é um esforço contínuo que requer compromisso e ação deliberada. Ao implementar essas estratégias, as empresas fortalecem a confiança com seus stakeholders e impulsionam a inovação responsável.
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1 COLHADO NETO, José Gomes. A Governança da Inteligência Artificial nas Empresas. Disponível em https://www.migalhas.com.br/depeso/415412/a-governanca-da-inteligencia-artificial-nas-empresas. Acesso em Out. 2024.
José Colhado
Sócio – PDK Advogados Academia Brasileira de Direito Constitucional – Especialização em Direito Penal e Processo Penal Complete Privacy – Curso de Privacy by Design: teoria e prática para organizações Unibrasil – Graduação em Direito