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Um advogado de 67 anos, há 20 anos me contou esta história:
“Sabe, sempre tive o costume de engraxar meus sapatos. Advogado de profissão, tinha a obrigação de sempre estar com eles lustrosos. Após 35 anos de casado e com o mesmo costume de sempre, abri o meu armário e peguei o sapato escolhido para aquele dia, aquela audiência importante.
O lustro tinha que estar impecável. Porém, antes de fechar o armário vi de canto de olho o sapato, também preto, de minha mulher, bem desgastado pelo tempo de uso precisando de um trato. E, neste instante, pensei: ‘Por que não engraxá-lo também?’.
A cultura machista na qual fui criado, me impediu de um dia pensar qualquer coisa parecida com isso, mas dei alimento à minha intuição naquele dia e segui em frente com a ideia.
Neste dia abri os grilhões dos erros de minha cultura e, por profundo amor, engraxei, com capricho, os sapatos de minha mulher. E senti algo que nunca tinha sentido antes. O machismo se combate com lei, mas principalmente, com cavalheirismo, gentileza, respeito, amor e elegância.”
Este ilustre advogado, era meu pai. Viveu com minha mãe até 8 de janeiro de 2025, data de seu falecimento.
Feliz dia das mulheres!