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Os tempos em que bastava abrir um escritório de advocacia, colocar uma placa na entrada e aguardar os clientes chegarem já ficaram para trás. Hoje a advocacia digital exige estratégias mais direcionadas e a melhor forma de fazer isso é através do uso de dados. De acordo com a McKinsey, empresas que utilizam dados estruturados crescem entre 15% e 25% acima da média. Isso porque, na ausência de evidências, as decisões são tomadas no escuro, sem qualquer garantia de efetividade.
Os números de um escritório não são meras estatísticas; eles precisam ser avaliados com a devida relevância, usando a interpretação para orientar soluções que impulsionam o crescimento do negócio.
Nesse sentido, o business intelligence se alia à inteligência artificial para trazer mais precisão, eficiência e previsibilidade às escolhas. Portanto, a grande questão para o seu negócio é: quais dados estão guiando seus caminhos e promovendo seu sucesso?
Machine learning e deep learning
O BI tradicional se baseava principalmente em relatórios, dashboards e análises descritivas. Ele ajudava negócios a entender o que aconteceu e por que aconteceu, mas não tinha a capacidade de prever o que está por vir com alta precisão.
Com o desenvolvimento da IA, ML – machine learning e DL – deep learning, o business intelligence passou a ser uma ferramenta capaz de aprender com os dados e se adaptar automaticamente a novas tendências.
A aprendizagem de máquina (machine learning) permite que os sistemas identifiquem padrões e façam previsões baseadas em um grande volume de informações.
Já o deep learning, uma camada mais evoluída da inteligência artificial inspirada no funcionamento do cérebro humano, consegue processar conteúdos de maneira ainda mais impressionante, compreendendo conexões complexas que poderiam passar despercebidas na verificação tradicional.
Business intelligence e inteligência artificial
Todos esses avanços abriram novas possibilidades, inclusive ao integrar diferentes tecnologias. Com BI e IA, as bancas jurídicas conseguem, por exemplo, antecipar projeções financeiras, identificar riscos fiscais e encontrar oportunidades de economia para seus clientes. As ferramentas são capazes de classificar documentos automaticamente, extrair informações relevantes e sugerir possíveis ações que realmente fazem a diferença.
Ao analisar tendências de faturamento, tempo médio investido em cada caso e margens de lucro por contratante, os advogados conseguem ajustar seus honorários adequadamente, garantindo sustentabilidade financeira sem subprecificação ou desperdício de recursos.
Além disso, se um escritório perceber que um determinado perfil de cliente apresenta dúvidas frequentes sobre um tipo específico de processo, pode automatizar conteúdos educativos e adotar uma abordagem proativa, prevenindo problemas antes mesmo que eles se manifestem.
No âmbito operacional, ao cruzar dados sobre produtividade da equipe, as horas gastas em tarefas repetitivas, desempenho individual e gargalos, o BI aliado à IA viabiliza otimizar fluxos de trabalho, redistribuir demandas com inteligência e evitar sobrecarga, criando uma cultura de alta performance sem prejuízos.
Quais os desafios de integrar tecnologias avançadas?
Para atingir bons resultados, a integração entre business intelligence e inteligência artificial deve ser bem estruturada. No entanto, há desafios que muitos escritórios enfrentam, como a inconsistência, incompletude ou desatualização de dados, fatores que comprometem a precisão das previsões.
Se as informações estiverem dispersas em planilhas, e-mails e sistemas desconectados, as avaliações sobre tempo dedicado em ações, custos operacionais e comportamento dos clientes tendem a se tornar imprecisas. No setor financeiro e contábil, erros na coleta e processamento de relatórios podem gerar falhas na precificação, dificuldades na identificação de riscos e problemas no planejamento tributário.
Além disso, ainda existe uma resistência a investimentos em tecnologias escaláveis, seja por falta de conhecimento ou por receio do custo inicial. A longo prazo, porém, a falta de atualização impede a expansão do BI e IA, restringindo suas aplicações e comprometendo os resultados. Nos escritórios, por exemplo, muitos juristas não têm familiaridade com o uso de registros para embasar decisões, o que reduz a efetividade das ferramentas.
Soluções para integrar tecnologias no escritórios jurídicos
Mesmo diante dos desafios que acompanham a inovação, um relatório da McKinsey revelou que a adoção de inteligência artificial nas empresas aumentou de 55% em 2023 para 72% em 2024. Mas, como é possível modernizar-se de forma eficaz diante dos diversos obstáculos?
Softwares jurídicos já oferecem uma plataforma que integra BI e IA de maneira estruturada, permitindo que escritórios adotem essas melhorias com segurança, otimização e conformidade legal. As plataformas possibilitam a automação da coleta e execução de informações, certificando que todo o conteúdo seja tratado de modo transparente e em conformidade com regulamentações como a LGPD. Assim, reduzem riscos legais e asseguram que as estratégias baseadas em dados sejam confiáveis e estejam dentro dos parâmetros legais. Também contam com recursos avançados de governança e segurança cibernética, prevenindo vazamentos e assegurando que todas as operações estejam protegidas contra ataques e acessos indevidos.
É muito importante considerar que o uso de qualquer tecnologia deve respeitar as diretrizes que a regem. Ademais, o uso ético deve sempre ser prioridade dentro de um escritório, garantindo total responsabilidade na aplicação dessas inovações.
O futuro mais previsível com BI e IA
Se hoje BI e IA já possibilitam diagnósticos preditivos e automação de processos, o futuro reserva um avanço ainda mais impactante: a era das análises prescritivas, onde as ferramentas também sugerem ações estratégicas baseadas em simulações de cenários reais.
Ou seja, em vez de um escritório apenas prever o cronograma médio de uma ação, ele poderá ajustar suas abordagens jurídicas em tempo real para maximizar as chances de sucesso, considerando cada variável envolvida.
Além disso, o desenvolvimento no PLN – Processamento de Linguagem Natural permitirá que advogados e gestores interajam com seus dados de forma muito mais intuitiva. Não será necessário acessar relatórios complexos ou aprender comandos técnicos: bastará perguntar ao sistema algo como “quais foram os principais fatores que levaram à perda de processos trabalhistas no último trimestre?”, e a plataforma fornecerá uma resposta embasada, acompanhada de recomendações acionáveis.
As tecnologias continuarão a evoluir, mas a transformação já está em curso, e muitos advogados já estão colhendo os benefícios dessa revolução digital. Para seguir essas mudanças, a adaptação deve ser contínua. Por isso é importante analisar o contexto de forma holística, considerando fatores como objetivos, área de atuação, orçamento e a disposição da equipe para mudanças, por exemplo.
Desse modo, é possível compreender quais soluções realmente funcionam e como adequá-las à realidade do escritório, promovendo uma modernização eficiente e alinhada às suas necessidades.
Eduardo Koetz
Eduardo Koetz é advogado, sócio-fundador da Koetz Advocacia e CEO do software jurídico ADVBOX . Especialista em tecnologia e gestão, ele também se destaca como palestrante em eventos jurídicos.