Majorana 1: Impacto na computação quântica e na propriedade industrial   Migalhas
Categories:

Majorana 1: Impacto na computação quântica e na propriedade industrial – Migalhas

CompartilharComentarSiga-nos noGoogle News A A

A computação quântica tem sido uma área de intensa pesquisa, prometendo revolucionar diversos setores ao resolver problemas complexos que os computadores clássicos não conseguem. Recentemente, a Microsoft anunciou um avanço significativo com o lançamento do chip Majorana 1, baseado em uma nova arquitetura chamada Núcleo Topológico. Este desenvolvimento pode acelerar a chegada de computadores quânticos práticos e escaláveis.

O que é o Majorana 1?

O Majorana 1 é o primeiro chip quântico do mundo alimentado por uma arquitetura de Núcleo Topológico. Ele utiliza um material inovador denominado “topocondutor”, capaz de observar e controlar partículas de Majorana para produzir qubits mais confiáveis e escaláveis. Esses qubits são fundamentais para o funcionamento dos computadores quânticos, pois representam as unidades básicas de informação nesse contexto. 

Impacto no campo da computação quântica

A introdução do Majorana 1 representa um marco na computação quântica por várias razões:

  • Estabilidade e escalabilidade dos qubits: A manipulação de partículas de Majorana através dos topocondutores permite a criação de qubits menos suscetíveis a erros, facilitando a construção de sistemas quânticos em larga escala. 
  • Potencial de escalabilidade: A arquitetura do Majorana 1 foi projetada para escalar até um milhão de qubits em um único chip, possibilitando a resolução de problemas industriais complexos em um futuro próximo. 
  • Aceleração do desenvolvimento: Com qubits mais estáveis e uma arquitetura escalável, o desenvolvimento de computadores quânticos úteis pode ocorrer em anos, e não em décadas, como anteriormente previsto.
  • Panorama atual e expectativas futuras

    Antes do lançamento do Majorana 1, empresas como Google e IBM já haviam alcançado avanços notáveis na computação quântica.

    Em dezembro de 2024, o Google apresentou o Willow, um chip quântico de última geração com 105 qubits. Este chip demonstrou a capacidade de resolver, em menos de cinco minutos, problemas matemáticos que os supercomputadores clássicos levariam até 10 septilhões de anos para solucionar. Além de sua velocidade impressionante, o Willow destaca-se por avanços na correção de erros quânticos, reduzindo taxas de erro à medida que o número de qubits aumenta e permitindo a correção em tempo real. Este progresso é fundamental, pois a correção de erros é um dos maiores desafios na construção de computadores quânticos práticos. 

    A IBM, por sua vez, lançou em novembro de 2024 o IBM Quantum Heron, seu processador quântico mais avançado até o momento. Disponível nos data centers quânticos globais da empresa, o Heron é capaz de executar com precisão certas classes de circuitos quânticos com até 5.000 operações de porta de dois qubits. Este avanço é significativo, pois amplia a capacidade de processamento e a precisão dos cálculos quânticos, aproximando a tecnologia de aplicações práticas em escala industrial. 

    Esses desenvolvimentos, juntamente com o lançamento do Majorana 1 pela Microsoft, indicam um progresso acelerado na computação quântica. Embora desafios persistam, como a necessidade de aprimorar ainda mais a estabilidade dos qubits e a correção de erros, a trajetória atual sugere que computadores quânticos práticos e escaláveis podem se tornar realidade em um futuro próximo, transformando indústrias e solucionando problemas complexos que estão além das capacidades dos computadores clássicos.

    Impactos na propriedade industrial

    O avanço acelerado da computação quântica, impulsionado por inovações como o chip Majorana 1, tem implicações significativas para a propriedade industrial, especialmente no campo das patentes. A criação de novos materiais, algoritmos e arquiteturas quânticas pode gerar uma corrida tecnológica entre empresas e centros de pesquisa, levando a um aumento expressivo no depósito de patentes relacionadas a esses desenvolvimentos. 

    Além disso, a própria forma de conduzir buscas e análises de patentes pode ser transformada, uma vez que computadores quânticos poderão processar grandes volumes de dados em velocidade incomparável, otimizando a identificação de anterioridades e melhorando a precisão das concessões. Por outro lado, a proteção de invenções na área quântica pode trazer desafios jurídicos e técnicos, exigindo atualizações nos sistemas de exame de patentes para lidar com conceitos que ultrapassam os paradigmas da computação clássica.

    Dessa forma, a evolução dos chips quânticos não apenas impulsiona a inovação tecnológica, mas também redefine o cenário da propriedade industrial, exigindo novas estratégias de proteção e regulamentação.

    Marcelo Corrêa

    Marcelo Corrêa

    Tech Leader da Daniel Advogados – Especialista de Patentes

    Daniel Advogados Daniel Advogados

    Leave a Reply

    Your email address will not be published. Required fields are marked *