Et pluribus in unum
Jayme Vita Roso*
Li a ardorosa defesa do ilustrado advogado Manhães Moreira (…), sobre a “impossibilidade jurídica” de revisão ou renegociação das privatizações brasileiras. Não vou entrar no tema; não porque me faltem luzes, mas porque o espaço que é utilizado na Internet tem que ser adequado à finalidade do próprio veículo. Não se trata de um site de reading books.
Mas, estou lamentando que os ardorosos advogados defensores das nebulosas privatizações, que levaram a Canaã muitos escritórios cambaleantes, tenham se esquecido dos mortais como eu. Sabe por que? Porque eu, durante 40 anos, paguei o equivalente a dez salários mínimos para, quando me aposentasse, recebesse dez salários mínimos. Mas, creditam-me, hoje, apenas quatro. Ainda trabalho, quase aos 70 anos de idade, porque o que percebo não quita o condomínio do prédio onde resido.
Em defesa de “nosotros que nos queremos tanto“, ou seja, os marginalizados, eles não levantam, e não levantaram, as vozes tronitoantes, que falaram em defesa do direito adquirido, porque representam interesses das empresas que aqui aportaram um pouco de pecúnia, compraram moeda podre a preço vil, receberam benesses do BNDES e despediram muitos empregados, à guisa de reestruturação ou “redesenho” da organização.
Eis aí o lamento de um Jeremias moderno, que continua pregando que a Justiça o atenda, porque existe uma norma que dá preferência aos que superam os 63 anos de idade, mas ela é meramente retórica. Quando será que vai haver alguém que, com tanto brilho e destreza, saiba, na verdade, fazer o que o título desta mensagem sintetiza?
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* Advogado em São Paulo, escritório Jayme Vita Roso Advogados e Consultores Jurídicos; Presidente da ONG Curucutu Parques Ambientais; e Conselheiro da Federação Interamericana de Advogados e do Instituto dos Advogados de São Paulo.
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Atualizado em: 1/4/2003 11:49
Jayme Vita Roso
Advogado.