Waldogate
8/3/2004 Antonio Minhoto
“A questão do fechamento dos bingos me parece mais um farisaísmo, fenômeno infelizmente marcante em nossa sociedade. Inicialmente, vejo promotores dizendo ou alegando que “há indícios evidentes ligando Bingos ao crime organizado”. O indício é um elemento importante dentro do procedimento acusatório, mas não substitui a prova e tampouco autoriza punir o acusado de forma prévia ou antecipada que, no caso, é justamente o que está ocorrendo. Primeiro fechamos os Bingos e depois apuramos todas as irregularidades, os ilícitos e até os crimes que eles “certamente” até aqui cometeram. Às vezes fico pensando se a imprensa fomenta este tipo de conduta ou apenas amplia algo pré-existente, especialmente relativamente a alguns integrantes do MP. Estou com o Dr. Ives Gandra: jogo não é bom, tem caráter dissociativo com relação à família e ao próprio indivíduo, é algo supérfluo, mas muitas outras coisas também o são e permanecem legais (Migalhas 875 – 4/3/04 – Fechamento dos bingos). Corrida de cavalos é algo de uma inutilidade a toda prova. Tenho até uma tia-avó que perdeu tudo com corridas no Jockey. Nunca vi o MP falar nada sobre isso e, creio eu, deve ser porque se trata de uma atividade ligada à alta sociedade, elegante, refinada. Temos é que legalizar os Bingos de fato. Tributar, fiscalizar, normatizar e deixar os velhinhos se divertirem lá.”