“O mocinho”
“Amanhã é a hora da verdade para o mundo“, afirmou o presidente George W. Bush, depois de reunir-se durante uma hora com os primeiros-ministros da Inglaterra, Tony Blair, e da Espanha, José Maria Aznar, numa base militar em Lajes, Açores, ontem.
Bush conclamou os países a ratificarem, numa nova decisão, o apoio unânime que deram em 8 de novembro à Resolução 1.441, que exigiu o “desarmamento condicional e imediato”de Saddam.
Perguntado se hoje é o último dia para uma solução diplomática da confrontação com o Iraque, Bush foi claro. “É isso que eu estou dizendo. Espero que amanhã a ONU faça seu trabalho”. Mas alertou, no entanto, que a ameaça de Rússia e França de vetar uma resolução de guerra significa que “as cartas foram jogadas”.
Ele deixou aberta apenas uma alternativa capaz de evitar um ataque: “Saddam Hussein pode deixar o país se ele estiver interessado na paz.” A deposição do ditador é exigência dos EUA e não da Resolução 1.441 do Conselho dos EUA. Fontes da Casa Branca disseram que o líder americano poderá se dirigir ao país pela televisão já hoje à noite, reforçando a expectativa de que um ataque começará ainda esta semana.
De acordo com fontes da Casa Branca, quando a diplomacia estiver esgotada, Washington porá suas forças em pé de guerra e Bush fará um discurso à nação na própria segunda-feira, emitindo um ultimato final a Saddam e dando tempo para que funcionários da ONU e de agências humanitárias deixem o Iraque.
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“O bandido”
“Quem nomeou os Estados Unidos como juízes injustos do mundo, para que possam dizer se este país tem uma arma de determinado alcance que deve ser destruída?”, perguntou o presidente do Iraque, Saddam Hussein, depois do encontro entre os governantes americano, britânico e espanhol nos Açores.
Saddam qualificou de “grande mentira” a acusação de que seu país ainda possua armas proibidas. Ele advertiu que, se o Iraque for atacado, a guerra se espalhará pelo mundo.
“Quando o inimigo iniciar uma batalha em grande escala, deverá saber que, para nós, será uma batalha aberta; no céu, na terra, no mar, no mundo inteiro”, disse o ditador, segundo a agência de notícias oficial Ina.
Reafirmando que o Iraque não possui armas de destruição em massa, Saddam ironizou: “Dêem-nos um pouco de tempo e os meios necessários e produziremos quaisquer armas que vocês quiserem, e então os convidaremos a vir aqui e destruí-las.”
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Por: Redação do Migalhas
Atualizado em: 1/4/2003 11:49