Bala perdida
29/7/2005 Pio Pardo
“Bala perdida acaba alojada no cadáver de uma senhora que estava sendo velada na Capela do Cemitério do Catumbi (Grande Rio). Muito perto existe o Morro de São Carlos, de onde partiam tiros de quadrilhas rivais…”
MORTALHA INVADIDA
No Rio as coisas acontecem
Sem que se tenha a exata medida
Aqueles que no “sono dos justos” adormecem
Ainda penam com a sua mortalha invadida
Bala perdida, doida, sem eira nem beira
Zumbe maluca na sinistra procura
Do alvo, na missão derradeira:
Nas entranhas d’um corpo baixar sepultura…
Estranha a sina desta criatura:
Estirado na mesa a espera da paz
Seu corpo gelado sofre mundana agressão
Vislumbrando do Umbral de Imensa Altura
A Sempr’Eterna Entidade lamenta, incapaz:
-“Homens sem fé…nunca lembram da lição…”