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Um dos jornais universitários mais antigos do Brasil, “O Politécnico”, da Poli-USP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, completa 80 anos em plena atividade. Para celebrar a data, a Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, do Memorial da América Latina, recebe entre os dias 18 e 30/9 uma exposição com alguns dos exemplares históricos desse jornal, por onde passaram estudantes da Poli-USP que mais tarde se tornariam figuras célebres no Brasil, como o ex-governador de São Paulo, Mário Covas (1930-2001), o ator Carlos Zara (1930-2002) e seu irmão, o ex-deputado federal Ricardo Zarattini Filho (1935-2017), o fotógrafo Thomaz Farkas (1924-2011), um dos pioneiros da fotografia moderna no Brasil, a empresária Cristina Junqueira (1982), fundadora do Nubank e segunda mulher mais rica do Brasil, entre tantos outros nomes que contribuíram para o desenvolvimento econômico e cultural do país.
A lista de colaboradores do jornal “O Politécnico” é extensa e inclui personalidades como o empreendedor Pedro Wongtschowski (1946), importante nome da Engenharia Química brasileira, com atuação na Oxiteno, no Grupo Ultrapar e na Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Luiz de Queiroz Orsini (1922-2018), professor emérito da Poli-USP e um dos inovadores do ensino da Engenharia Elétrica no Brasil, com a introdução do uso de computadores como ferramenta de estudo, Paulo Blikstein (1972), professor de Comunicação, Mídia e Design de Tecnologias de Aprendizagem na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, e profissional de referência na introdução de novas tecnologias na aprendizagem de Ciência, Computação, Engenharia e Matemática, e Adolfo Lemes Gilioli (1921-2012), um dos fundadores do jornal “O Politécnico” e da Academia Linense de Letras, em sua cidade natal, Lins.
Fundado em 1944 por estudantes da Poli-USP, “O Politécnico” nasceu em plena ditadura do governo Getulio Vargas como um boletim informativo. Por ser um boletim, não podia receber anúncios para custear as despesas da publicação, mas nem por isso deixava de ser um informe combativo e atuante no meio estudantil e acadêmico já desde seu surgimento.
Nos seus 80 anos de existência, “O Politécnico” testemunhou, documentou e se posicionou a respeito de fatos históricos de grande importância para o país, como o movimento “O Petróleo é Nosso”, retratando as opiniões dos estudantes e o embate com a elite então chamada de “entreguista”; a Campanha Paula Souza para alfabetização de adultos, iniciativa dos alunos do Grêmio Politécnico da Escola Politécnica, que antecedeu a criação da própria USP, e que mais tarde deu origem à criação do Instituto Paula Souza, de ensino técnico no Estado de São Paulo; o golpe de Estado de 1964 no Brasil, quando marcou sua forte presença no movimento estudantil, ao lado de movimentos de camponeses, operários e outros setores da sociedade, em oposição ao militarismo e à suspensão de direitos civis; a prisão de estudantes da USP durante o regime militar, no início dos anos 1970.
Além do “show proibido” de Gilberto Gil na Poli, em 26/5/73, como denúncia da juventude universitária contra a repressão política e social da época; o movimento das “Diretas Já”, entre os anos de 1983 e 1985, para retomada das eleições diretas para presidente da República, que não ocorriam desde 1964, com a implantação do regime militar no país; a aprovação da Constituição de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, que inaugurou um novo momento jurídico e institucional no Brasil, com a ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias individuais.
Isso e muito mais até chegar à recente pandemia de covid-19, quando alunos da Escola Politécnica, em conjunto com o Instituto de Física e a comunidade científica da USP, contribuíram não só com a divulgação de informações técnicas e médico-científicas confiáveis e com linguagem mais acessível à população geral mas também com a criação de ventiladores pulmonares artificiais e a manutenção corretiva desses equipamentos, que foram cruciais para salvar milhares de vidas no país. Essas e inúmeras outras contribuições importantes para a sociedade brasileira fazem parte da história do jornal “O Politécnico”.
Além da exposição das edições históricas desse informativo, haverá um painel sobre o papel do jornalista na atualidade e a importância da contribuição do jornalismo universitário na sociedade brasileira, que acontecerá na abertura do evento, no dia 18/9, às 12h, com a presença de profissionais da imprensa e também de professores e alunos da USP.
A Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, fica no Memorial da América Latina (av. Mário de Andrade, 664, na Barra Funda), próximo à Estação Palmeiras-Barra Funda do metrô. Ela abre de segunda a sexta-feira, das 10 às 17h, no sábado, das 10 às 15h, e a entrada é franca.
Para acessar o site do jornal “O Politécnico”, clique aqui.
Jornal “O Politécnico”, da Poli-USP, realiza exposição comemorativa dos 80 Anos do Jornal na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita.(Imagem: Divulgação)