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O acesso à Justiça é uma conquista essencial da sociedade moderna, assegurado pela Constituição Federal como um dos pilares do Estado Democrático de Direito. No entanto, quando exercido de forma abusiva ou exacerbada, pode gerar efeitos colaterais indesejados, como a sobrecarga do Judiciário e o aumento dos custos para empresas e para a sociedade. Entre os principais protagonistas desse fenômeno estão os autores contumazes, que podem ser classificados em dois perfis distintos, ambos com impactos significativos.
O Primeiro Tipo: Litigância Abusiva
Os autores contumazes associados à litigância abusiva caracterizam-se por práticas que extrapolam o uso legítimo do sistema judiciário, frequentemente envolvendo esquemas fraudulentos. Essas práticas incluem:
Essas condutas resultam em prejuízos financeiros para toda a sociedade, que precisa alocar recursos em litígios repetitivos e desnecessários. Além disso, dificultam o funcionamento eficiente do sistema judiciário, reduzindo sua capacidade de atender demandas legítimas e prioritárias.
O Segundo Tipo: Exercício Exacerbado do Direito de Ação
O segundo perfil de autores contumazes inclui aqueles que, embora não associados diretamente à fraude, abusam do sistema judicial ao ingressar com ações reiteradas contra diferentes empresas. Suas características principais incluem:
Embora possam parecer legítimos à primeira vista, esses autores frequentemente buscam amplificar ganhos financeiros ou pressionar empresas com estratégias litigiosas. Tal comportamento aumenta a carga processual do Judiciário e impõe às empresas custos que poderiam ser revertidos em melhorias de serviços ou investimentos sociais.
Impactos para o Judiciário, as Empresas e a Sociedade
A presença de autores contumazes gera uma série de consequências negativas:
- Para o Judiciário: aumento do número de processos, congestionamento de pautas e diluição de recursos que poderiam ser alocados a demandas legítimas.
- Para as Empresas: comprometimento de recursos operacionais e danos à reputação.
- Para a Sociedade: atrasos na tramitação de processos legítimos e perda de recursos financeiros que poderiam ser investidos em setores prioritários, como educação, saúde e infraestrutura.
Caminhos para Mitigar o Problema
O enfrentamento do problema exige esforços conjuntos de empresas, Judiciário e sociedade:
Conclusão
A judicialização excessiva é um desafio complexo que requer equilíbrio entre o direito de acesso à Justiça e a necessidade de preservar a integridade do sistema judiciário. Ao mesmo tempo, é essencial garantir que demandas legítimas não sejam prejudicadas por comportamentos abusivos ou estratégicos. Empresas, tribunais e a sociedade devem trabalhar juntos para promover um ambiente mais justo, eficiente e sustentável, em que o acesso à Justiça seja preservado, mas utilizado com responsabilidade.
Viviane Ferreira
Sócia – Diretora jurídica de Qualidade e Relacionamento do cliente.