Documentário
Nos dias 1º e 2 de outubro de 2004, acontece em São Paulo, com apoio da CIDA (Canadian International Development Agency), da Aster Petróleo e da UNESCO, a 2ª Conferência sobre “Mediação Familiar Brasil-Canadá” e o lançamento da Cartilha “Mediação – Uma prática cidadã” no auditório do Sesc Vila Mariana. Estas iniciativas visam divulgar esta via de resolução de conflitos junto a comunidades carentes dos grandes centros urbanos.
Tratam-se de desdobramentos do documentário “Mediação”, com estréia prevista para março de 2005, que acompanhou a vida de quatro casais canadenses em processo de divórcio via mediação e está fazendo o mesmo com casais brasileiros, com objetivo de difundir esta prática que humaniza as relações e promove a pacificação dos conflitos familiares.
Em dezembro de 2003, com grande sucesso e, apoio do Sesc – SP, a equipe do documentário trouxe ao Brasil o mediador Justin Levésque, pioneiro da mediação familiar no Québec, autor do livro “Metodologia da Mediação Familiar” e phd em Comportamento Humano pela Universidade de San Diego, para uma série de palestras que trataram de temas como a prática da mediação familiar canadense e sua regulamentação legal, a guarda compartilhada, a mediação e as crianças, o impacto dos divórcios sobre os filhos, e as necessidades das crianças no momento do divórcio dos pais .
Para a 2ª Conferência, em outubro próximo, a equipe já tem confirmada a presença do mediador canadense Aldo Morrone do Centre Jeunesse de Montréal , especialista na utilização de técnicas narrativas para a resolução de conflitos familiares e a polêmica participação de crianças em sessões de mediação.
O modelo canadense de mediação familiar praticado no Centre Jeunesse de Montréal é considerado o melhor do mundo por seu abrangente caráter social. Presta serviços gratuitos em Mediação Familiar, e é o Instituto Internacional de Mediação Familiar mais comprometido na proteção de crianças e adolescentes envolvidos nas disputas familiares. Os Centres Jeunesses localizam-se nos fóruns da Província do Québec, mas atuam previamente ao Poder Judiciário, num trabalho paralelo de acesso à Justiça. Desde 1997, o Governo do Québec tornou obrigatória a “Sessão de Informação à Mediação”, em todos os casos de Direito de Família onde existam crianças, dados estatísticos da província do Quebec demonstram que 27% das demandas em direito de família são resolvidas via mediação.
A equipe do documentário acredita que o modelo de política pública canadense de implantação da mediação pode vir a ser adotado com sucesso pela sociedade brasileira por seu abrangente alcance, baixos custos de implantação e seu importante caráter de pacificação social.
Objetivos
Visamos a formação de redes alternativas de pacificação e acesso à justiça. Essas redes alternativas à justiça são mais céleres e amparam prontamente as crianças e as vítimas de conflitos familiares, promovendo assim a certeza jurídica, ampliando a sensação de um Estado, uma Nação mais próxima e humana.
Favorecer o desenvolvimento da autonomia, valorizar o diálogo e a cooperação, significa prevenir conflitos, promover a saúde do tecido social e a convivência positiva, pressupondo o mundo como multicultural e multifacetado.
Ao apostar nessa mudança de paradigma (mediação como instrumento de transformação para a cultura da paz) opta-se por um Estado mais dinâmico e moderno, mas sobretudo, menos oneroso e voltado para a redução dos indíces de violência e desigualdade social – esta é uma verdadeira política pública de baixíssimo custo orçamentário e alto impacto sócio-educacional. Já estamos mapeando, nacionalmente, os diversos institutos que trabalham com a mediação familiar.
Também discutiremos os atuais caminhos de inserção da Mediação Familiar na vida social brasileira. Por isso estamos comparando com um país onde a mediação já se encontra consolidada.
O documentário lança-se pela publicidade da mediação familiar interdisciplinar, com mediadores treinados e capazes, que já é realizada por alguns Institutos pátrios privados e também no Québec. Como dar publicidade a instituto tão importante e tão obscuro? Através da linguagem cinematográfica do documentário. Filmando o que existe e mostrando como acontece essa mediação – por vezes dolorosa, mas, certamente, muito distante das vinganças privadas promovidas pelas ações litigiosas.
Realização
Cássio Filgueiras, produtor e idealizador do documentário “Mediação”, é advogado e mediador treinado pelo Centre Jeunesse de Montréal.
Célia Cristina Whitaker, produtora executiva do documentário, é advogada pela USP, especializada em Terceiro Setor.
Denis Rodriguez, diretor e roteirista do documetário, é videoartista e bacharel em Direito pela USP (foi diretor do Departamento Jurídico do C.A. XI de Agôsto). Dirigiu e produziu o documentário Sónar (9′), em parceria com o Itaú Cultural, estúdios Mega e MTV/Brasil. Dirigiu e produziu curtas que participaram da Mostra MIS de Video, do Panorama MAM de video e dos Festivais Mix Brasil de São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Buenos Aires de 2000 e 2001.
Apoio
O documentário conta com o apoio do Instituto da Paz, do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), da Sociedade Brasileira de Psicanálise, do CEREMA (Centro de Referência em Mediação e Arbitragem) e do Pró-Mulher e Cidadania, entre outros.
Por: Redação do Migalhas
Atualizado em: 15/7/2004 10:33